O título do post de hoje faz uma menção honrosa às palavras do economista Guilherme Tinoco do BNDES a um artigo escrito no Valor pelo Fabio Graner*. De fato, o crescimento de 0.4% do PIB no primeiro trimestre de 2018 nunca foi tão irrelevante. Óbvio que na economia o que mais importa são os indicadores antecedentes, que servem como “instrumentos” de prognóstico econômico, conferindo menor importância ao já ocorrido. Mas o que aconteceu nos últimos 3 meses foi demais.
Paralização dos caminhoneiros, queda de confiança dos empresários e dos consumidores (a conferir, mas não deve haver muita dúvida quanto a isso), Trump voltando às turras com sua guerra comercial, agora com os países do NAFTA e membros da UE. Como se não bastasse, teremos menor crescimento na China, a bolsa irmão-caminhoneiro de R$13.5bn que vai ser dividida com alguns segmentos da indústria, que já começaram a chiar, curva de juros mais inclinada, maior depreciação cambial, o que prejudica a importação de bens de capital e crise na Argentina, o que afeta as exportações de nossos automóveis para los hermanos. Tudo isso embalado em um caldo mais encorpado e desnecessário de polarização nas eleições: De um lado, os saudosistas descontentes com o presente e desconhecedores do passado, apoiadores do “Intervenção militar já”, versus os que nunca aprendem e nunca aprenderão, membros do “LulaLivre”, já se constata a adequadíssima colocação do economista do BNDES.
Em um post passado comentei sobre quem pagaria a conta. Já sabíamos. Certamente a conta não ficará nos R$13.5bn, dada as enormes perdas no setor de agribusiness e industrial. Mas e o setor de serviços? Que não estoca e não repõe perdas, como fica? Será que as ações dessas empresas, notadamente distribuidoras de energia elétrica, já precificaram os prejuízos vindouros e que não serão, de alguma maneira, compensados pela recuperação de resultados nos outros trimestres como outros setores da economia?
* http://www.valor.com.br/brasil/5563339/custos-e-incertezas-na-economia-dos-extremos