A atual discussão em torno do futuro da Geração Distribuída (GD) no Brasil – “vítima” do seu próprio sucesso -, encontra eco em mercados mais maduros como o norte-americano.
Com base nos recentes esforços dos reguladores americanos para reduzir, ou mesmo eliminar, alguns dos monopólios naturais de serviço público de eletricidade nos EUA, o que tem revelado contornos mais dramáticos é o do Arizona.
Reguladores do estado, onde a Arizona Public Service Co. tem reinado há muito tempo, estão considerando a implementação do mercado livre de energia.
Produtores independentes de energia e agentes do livre mercado também aderiram a esta cruzada, tanto na Flórida, quanto na Virgínia. A principal diferença é que no Arizona este movimento de liberação do mercado está sendo encabeçada pelos próprios reguladores.
“Novas tecnologias quebrando barreiras e ditando a necessidade de revisão do marco regulatório para o segmento de distribuição.”
A recente e rápida proliferação de painéis solares, medidores inteligentes, sistemas de bateria e outras tecnologias já estão reformulando o cenário das concessionárias de distribuição e, consequentemente, o papel do consumidor de energia.
A criação da figura do gerador descentralizado e o fortalecimento do consumidor, que também passa a ter a possibilidade de atuar como gerador, são o próximo passo nessa evolução.
Esta mudança tecnológica impõe a necessidade do regulador – seja nos EUA, ou no Brasil -, repensar o modelo regulatório para o segmento de distribuição, até então visto como um monopólio natural.
Se por um lado as concessionárias de distribuição alertam para o risco de que a revisão do atual modelo poderia comprometer a confiabilidade e até mesmo desacelerar a implantação da energia renovável (centralizada), os benefícios tecnológicos, econômicos e ambientais advindos com a modernização da rede, não podem e não devem ser descartados.
“A solução mais fácil, nem sempre é a mais adequada, principalmente quando analisamos o longo prazo.”
No caso brasileiro, barrar o avanço da Geração Distribuída (GD) neste momento seria um grande retrocesso, pois inibiria o acesso a novas tecnologias e o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
O mais adequado seria utilizar o sucesso da GD para fomentar a modernização do marco regulatório para o segmento de distribuição, permitindo que as empresas tivessem a liberdade para competir por novos mercados, seja através da implementação de redes inteligentes (smart grids), ou através do desenvolvimento e comercialização de novos produtos e serviços para os seus “milhões e milhões” de consumidores.
Afinal de contas, neste “novo mundo”, quem tem tecnologia e acesso ao consumidor final é rei, desde que este não fique restrito a venda de um único produto/serviço.